quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Barcos de pesca em Arles

Em 1888 Van Gogh deixa Paris seguindo para Arles, próximo ao Mediterrâneo. Sobre sua mudança escreve: 
Me parece ser quase impossível trabalhar em Paris
Com a intenção de criar uma cooperativa de artistas, aluga um estúdio ao qual dá o nome "Casa Amarela". Ali convive com Gauguim Por algum tempo.

No início de junho do mesmo ano visita a vila pesqueira de Santes-Maires-de-la-Mer, onde, em poucos dias, cria doze trabalhos. Assim descreve uma de suas marinhas:
Eu fiz o desenho dos barcos quando sai de manha muito cedo e agora estou trabalhando em uma pintura com base nele, uma tela de tamanho 30, com mais mar e céu a direita. Foi antes dos barcos sairem apressados; eu os tenho visto todas as manhas, mas como eles saem muito cedo eu nao tinha tido tempo para pintá-los. 
 Fonte: http://www.vangoghmuseum.nl


Barcos de pesca na prais em Saintes-Maries-de-la-Mer, 1888 (óleo sobre tela 65 x 58,5 cm).
 Fonte: http://impressionistsgallery.co.uk


Há muitos anos, em tempo de férias,  via na parede de uma casa, numa praia que frequento desde sempre, uma reprodução desse trabalho. Costumava parar às vezes a olhá-la demoradamente. Pensava em como ela combinava com a casa da praia e voava até ela, nalgum museu do mundo, observando suas pinceladas frenéticas, as cores e estilos dos barcos que lembram as canoas coloridas do Nordeste  do Brasil. Imaginava se algum dia a veria, mas depois me esquecia e me entregava a brisa do meu mar, do mar que sempre conheci e suas canoas a dançar.

E eis que, sem a praia e sem a parede de pau a pique, ela se apresentou para mim naquele mágico museu em Amsterdam. Sabia eu que outras obras de Van Gogh estavam ali. Mas aquela, menos célebre, não conhecia seu destino. 

A emoção de vê-la "em carne e osso" me tomou de assalto, me fez mais feliz, mas realizada de ali estar. É mais ou menos isso que a arte faz. É por isso que repito a fala de Estrigas quando diz que "a arte não tem importância nenhuma, mas ninguém pode viver sem ela". Me demorei. Me aproximei, retrocedi, queria tocar a tela tao familiar. Sempre havia podido tocá-la na praia. 

Fui flagrada no meio do namoro. Ganhei uma foto com ela.


Até logo,

Ana Pires.











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